Novela

>> quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009



Não sou do tipo noveleira, mas quando começo a acompanhar uma sai de baixo, sou a mais chata dos mortais, pois isso para mim vira obrigação e não devoção.

Na novela Caminho das Índias, da Rede Globo, gosto do tema principal que é fraquinho mas capaz de intreter pobres mortais. Mas o que me chama a atenção mesmo é a trama secundária interpretada pelo núcleo encabeçado por Estênio Garcia, que está na pele de um psiquiatra que cuida de doentes mentais numa clínica especializada.

Gosto também da ramificação desse assunto em outros núcleos da novela. E nessa categoria se enquadra o bonitão da foto, Bruno Gagliasso. Gente, esse menino está dando um show de interpretação de um doente psiquiátrico que aos poucos vai entrando em contato com a doença. Muito diferente, portanto, da condição dos outros personagens da clínica, que se sabem doentes mentais e são identificados pela sociedade como tais.

No caso de Tarso (personagem de Bruno), ele é alguém pressionado pelas situações do cotidiano e se sente estranho, invissível e inadequado. Acreditem caros leitores, é exatamente assim que um portador de um transtorno psiquiátrico se sente.

Falo sobre isso porque sou portadora de TBAH, transtorno sobre o qual já fiz outros posts aqui no Mil e uma coisas.

Também tenho contato com outros portadores (não gosto da palvra doente, por isso a repetição de termo) em comunidades do Orkut. Lá as pessoas expressam os seus sentimentos e agonias em relação ao convívio com parentes e amigos, da mesma forma como acontece com Tarso. Já repararam que a mãe e o pai do personagem não percebem as mudanças de comportamento e humor do filho? Já perceberam o quanto a frustração o atinge e como ele fica desconfortável na presença de estranhos, como os fotógrafos da cena de ontem? Pois é, é exatamente assim.

Nas comunidades relacionadas ao problema no orkut o papo é sério e tratado entre pessoas que se entendem. Sempre começamos a conversa perguntando a quem quer desabafar se ele está seguindo um tratamento e se não estiver o aconselhamos e encorajamos a fazer isso, pois é necessário.

Vocês não acreditariam nas histórias que são contadas ali sobre a ação ou omissão das famílias em relação às pessoas que enfrentam um transtorno psiquiátrico, normalmente motivadas pelo preconceito, medo ou ignorância sobre as doenças psiquiátricas, que afinal de contas, são tão comuns no nosso meio.

Um tópico interessante fala sobre frases que ouvimos no dia-a-dia, coisas como: "isso é preguiça de trabalhar", "vai lavar uma trouxa de roupas que passa", "você está possuído por um espírito", "isso é falta de sexo", são pérolas ditas por quem sequer se dá ao trabalho de conhecer o assunto sobre o qual está tentando opinar.

Tudo isso é muito sério e embora a novela seja uma obra de ficção e talvez romancei um pouco o tema, vale a pena prestar atenção no desenrolar da trama, para quem sabe aguçar a curiosidade sobre o tema e estimular uma reflexão séria sobre o assunto.

Digo isso porque certamente existe alguém da sua convivência que vivencia o problema, um parente, um amigo ou talvez um colega de trabalho que se sente estranho, invisível e inadequado.

Pense nisso.

6 responderam:

*Wlady 18 de fevereiro de 2009 às 10:36  

Oi Nilda! gosto muito de passar por aqui!
Fui pesquisar quanto ao TBAH, mas não encontrei, vou continuar tentando.
Acho que muitas vezes o ser humano é cruel no julgamento das atitudes do próximo. Temos muito ainda o que aprender.
bjs

Unknown 18 de fevereiro de 2009 às 10:54  

Oi Nilda, muito tocante este post. Achei muito corajoso de sua parte expor uma questão nem sempre aceita e entendida por todos. Faço minhas as palavras da Wlady, o ser humano consegue ser muito cruel com o que ele desconhece, desrespeitando o outro. Como diz naquela música do Titãs " Cada um sabe a dor e a alegria que carrega no coração" , temos que refletir sobre isto e respeitar as questões do outro. Muita força para você! Gostaria também de agradecer suas visitinhas sempre carinhosas ao meu blog e obrigada pela sugestão para minha sala de jantar. Assim que achar uma solução vou publicar no blog. Beijos querida

Isabela Kastrup 18 de fevereiro de 2009 às 12:52  

Nossa, conheço tantas pessoas assim. Não sou muito noveleira, porém acho que podemos tirar lições importantes de fatos ocorridos em novelas, afinal de contas é a arte imitando a vida, né?
Bjs e te cuida!

Ruby Fernandes 18 de fevereiro de 2009 às 13:07  

Nilda, foi muito sensível a maneira que você abordou esse tema. Não assisto novelas, pois esse horário gosto de fofocar com o marido sobre o que aconteceu no nosso corrido dia, mas fiquei com vontade de saber mais a respeito do assunto. Também agradeço suas visitas no bloguito, é muito bom saber que temos amigas virtuais sinceras. Bjokas!!!

*Wlady 18 de fevereiro de 2009 às 15:19  

sua visita me deixa muito feliz! Obrigada pelas explicações tanto do transtorno quanto da maneira mais facil de bater o prego (meus dedinhos agradecem)
bjs

. 18 de fevereiro de 2009 às 16:25  

Menina,
Adoro seus comentários no meu blog e por falta de tempo, as vezes demoro a respondê-los. Hj como tive uma folguinha aqui, resolvi passar para agradecer e quando começo a ler os posts... descubro que vc mora aqui em Brasília, como eu!!!
Achei muito interessante isso, já que minhas amigas queridas que conheci até agora moram loooonnnge de mim!!!
Seja sempre muito bem vinda ao Verde Novo...
Beijos

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