Transtornos mentais e Terapia de Eletrochoque

>> sábado, 28 de novembro de 2009

Quando penso em Transtornos Mentais, sempre me vem à cabeça as possibilidades de tratamento. Um tratamento que não entendo, e por isso resolvi pesquisar a respeito, é a Terapia de Eletrochoque.

Busquei no Google e dos resultados o que mais gostei foi essa entrevista do Dr Drauzio Varella com a Psiquiatra Márcia de Macedo Soares, médica que trabalha no Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo. A entrevista tem outros tópicos além dos que coloquei aqui, porque o que buscava está no que foi copiado, mas se você tiver curiosidade a respeito pode ler a entrevista na íntegra aqui.

O texto é longo, portanto não pretendo que todos o leiam na íntegra, por isso destaquei as perguntas e você pode ver qual realmente lhe interessa e ler a resposta. Vale a pena, acredite, pois essa entrevista desmistifica algo que parece pura e simplesmente uma maldade contra o portator de um transtorno mental, mostrando em que casos ela pode ser utilizada e como fazê-lo de modo humano. Primeiro, vamos ler um depoimento do Dr Drauzio e depois vamos às perguntas e respostas.


Eletrochoque / Eletroconvulsoterapia

Quando eu era aluno da Faculdade de Medicina nos anos 60 e comecei a ter aulas de Psiquiatria, um colega mais velho me disse:
- Este ano você vai assistir a aulas de eletrochoque. É uma coisa horrível. O doente é amarrado na maca e recebe um choque forte através de placas colocadas na cabeça. A pessoa grita muito e se contorce toda.
Uma manhã, logo que cheguei na faculdade, soube que aquele era justamente o dia daquela aula. O eletrochoque era dado numa salinha pequena para um grupo de dez alunos. Quando vi o paciente chegando, assustado com as pessoas e a parafernália de instrumentos ao redor, seu olhar me tocou de tal forma que pensei:
– Vou-me embora. Qual a vantagem de assistir a uma coisa dessas se não pretendo dar eletrochoque em ninguém? – e saí da sala no exato momento em que o professor estava chegando. Ele não entendeu os meus argumentos e nossa discussão resultou numa segunda época de Psiquiatria.Daquela data para cá, a técnica de aplicação do eletrochoque sofreu diversas modificações importantes que a tornaram mais humana e recentemente ele foi reintroduzido como método terapêutico no tratamento de algumas patologias psiquiátricas resistentes à medicação.

MECANISMOS DE AÇÃO DO ELETROCHOQUE E RISCOS DO TRATAMENTO

Drauzio – Que riscos oferece o tratamento com eletrochoque?


Márcia M. Soares
– Embora as pessoas tenham medo de ter um colapso ou um problema cardíaco quando se submetem a um tratamento com eletrochoque, a eletroconvulsoterapia é bastante segura. O risco que oferece é igual ao de qualquer procedimento cirúrgico que envolva anestesia, isto é, 0,04%. No entanto, nos lugares em que se usa o eletrochoque a seco, com aparelhos antigos e sem possibilidade de controle técnico como os que se vêem no filme “O Bicho de Sete Cabeças”, a carga elétrica é muito forte e a probabilidade de ocorrerem problemas de memória, muito maior.

Drauzio – Depois da experiência que tive com o eletrochoque à moda antiga e à medida que aprendi melhor como funciona o sistema nervoso central, como a circuitaria de neurônios se estabelece, a delicadeza da anatomia das sinapses e a sofisticação do estímulo nervoso, o eletrochoque sempre me pareceu algo como dar um pontapé na televisão para fazê-la funcionar novamente. Pergunto, então, como ele pode ajudar as pessoas que apresentam algum problema?

Márcia M. Soares
– O eletrochoque induz dentro da circuitaria neuronal a mesma modificação que os antidepressivos promovem. Ao final de uma série de aplicações de eletrochoque, o resultado químico é similar ao dos antidepressivos. Portanto, ele ajuda a regular a liberação dos neurotransmissores responsáveis pela transmissão de impulsos de informações de um neurônio para o outro. Além disso, possui uma ação anticonvulsivante, ou seja, quanto mais a pessoa recebe o eletrochoque (em geral, gira em torno de doze aplicações) mais difícil fica ter uma convulsão. Disso decorre acreditar-se que essa ação anticonvulsivante seja responsável pela ação antidepressiva do eletrochoque que também influencia os neuromoduladores envolvidos na regulação do humor. Por isso, hoje, a psiquiatria adota medicações anticonvulsivantes como estabilizadoras do humor.

INDICAÇÃO DO TRATAMENTO DE ELETROCHOQUE

Drauzio - À medida que vai sendo aplicado, o eletrochoque aumenta o limiar para convulsão e anticonvulsivantes são usados para estabilizar o humor. Em termos gerais, as alterações químicas são similares às alterações induzidas pelos medicamentos antidepressivos usados correntemente hoje. Então, em que casos se deve indicar o eletrochoque?

Márcia M. Soares – Atualmente, as indicações são muito precisas. Ele é indicado para o tratamento de depressões graves e resistentes ao tratamento medicamentoso. Se a pessoa passa um ano inteiro tomando doses altas de antidepressivos, com efeitos colaterais importantes, não melhora nem responde à troca ou à associação desses medicamentos, a eletroconvulsoterapia pode representar uma opção de tratamento que apresenta, em 50% dos casos, reação positiva. A eletroconvulsoterapia também é indicada nas depressões em gestantes. Por incrível que pareça, o eletrochoque é o tratamento mais seguro para tratar esse tipo de patologia porque não interfere na formação do feto e pode ser aplicada em qualquer período da gravidez.

Drauzio – Isso já foi bem estudado?

Márcia M. Soares – Nos Estados Unidos, foram realizados estudos com milhares de grávidas e a ECT não se associou a parto prematuro, óbito fetal nem há registro de que tenha causado algum dano para o feto. A mulher recebe uma anestesia de curta duração, com risco semelhante ao de qualquer emergência em que tivesse de ser anestesiada.

Drauzio – Na verdade, o uso de antidepressivos na gravidez é problemático, não é?

Márcia M. Soares - Especialmente nos três primeiros meses da gestação, o risco é muito grande. Isso faz com que a eletroconvulsoterapia seja uma das principais indicações para a depressão em gestantes. Vale a pena mencionar também que, muitas vezes, os idosos respondem melhor a ECT do que à medicação. Como são mais sensíveis aos efeitos colaterais que os medicamentos provocam, muitos preferem o tratamento com eletrochoque e a expressão desse desejo é outro dado a considerar para sua indicação. Por incrível que pareça, pacientes com episódios de depressão grave no passado e que se submeteram ao eletrochoque, preferem esse tipo de tratamento aos antidepressivos.

Drauzio – Teoricamente o eletrochoque pode ser indicado para qualquer patologia psiquiátrica?

Márcia M. Soares – As indicações mais precisas são os quadros de humor, ou seja, depressão e mania ou euforia. Alguns pacientes esquizofrênicos que não respondem à medicação também podem apresentar melhora com a eletroconvulsoterapia.

Drauzio - A eletroconvulsoterqpia pode ser indicada como tratamento inicial em alguns casos?

Márcia M. Soares - Muitas vezes, num quadro de depressão grave, em que o risco de suicídio é altíssimo, justifica-se usar a ECT como primeira opção de tratamento. Por motivos éticos, não se pode correr o risco de esperar duas ou três semanas para o antidepressivo começar a fazer efeito, pois somos obrigados a usar doses iniciais baixas por causa dos efeitos colaterais que provocam. A eletroconvulsoterapia é também a primeira indicação para as pacientes grávidas com depressão que não podem tomar esse tipo de medicamento.

ELETROCHOQUE NO CONTROLE DA AGRESSIVIDADE

Drauzio – No passado se usava muito o eletrochoque em pacientes agressivos. Talvez venha daí sua má fama. Seria procedente considerar agressiva uma pessoa que se revoltava contra o esquema de internação hospitalar nos antigos sanatórios psiquiátricos com disciplina militar e remédios de eficácia discutível? Atualmente, para esses quadros de agressividade ainda é indicado o eletrochoque?

Márcia M. Soares – A agressividade pode ser sintoma de várias patologias psiquiátricas. Vamos considerar um paciente na fase de euforia do transtorno bipolar que apresente humor eufórico, sinta-se grandioso, com mais poderes do que realmente tem, idéias de grandeza e bem-estar além do normal, mas que pode também estar mais agressivo e irritado. Como tem aumento de energia, anda de um lado para o outro, dorme pouco, fala demais e muito rápido. Nesse caso, a eletroconvulsoterapia é muito útil e alguns têm melhora significativa do quadro clínico depois de três ou quatro aplicações o que não acontece quando a agressividade é um sintoma psiquiátrico decorrente de pacientes contrariados com a internação porque representa, aí sim, um método de punição e tortura. No entanto, volto a dizer, na maioria dos hospitais, principalmente nos dos grandes centros, isso não mais acontece. O eletrochoque é indicado para casos específicos e pode evitar suicídios. Ao longo das décadas de 1970 e 1980, o critério de internação psiquiátrica e de medicação mudou muito. As pesquisas se aprofundaram bastante e hoje é difícil ver um eletrochoque mal indicado. Podem existir os que são mal aplicados porque não usam anestesia ou relaxamento muscular, mas a maioria tem indicação precisa e correta.


Drauzio – Provavelmente no passado o eletrochoque era aplicado empiricamente e agora a indicação é baseada em evidências experimentais, em estudos realizados. Talvez nisso resida a grande diferença entre uma e outra forma de aplicação, não é?


Márcia M. Soares – Vou retomar um pouquinho a história do eletrochoque. No final dos anos 1930, a eletroconvulsoterapia passou a ser usada como tratamento e o primeiro medicamento psiquiátrico só apareceu no fim da década de 1950. Então, nos anos 30 e 40, a psiquiatria não tinha opção além do eletrochoque, da insulinoterapia e do confinamento. Na insulinoterapia, a insulina injetada nos pacientes faz com que as células do pâncreas retirem a glicose do sangue. Isso provoca um quadro de hipoglicemia grave que produz, como conseqüência, a convulsão. Portanto, a convulsão desejada era induzida pelo choque insulínico. Se não me engano, no filme “Uma Mente Brilhante”, eles ilustram a aplicação da insulinoterapia, um método arriscado que provocava muitas mortes. A psiquiatria não contava, porém, com outras armas. Só a partir da década de 1950, quando surgiram os medicamentos para tratar de psicoses e depressões, o eletrochoque caiu em desuso. Nos anos 70 e 80, a evidência de que grande parte das pessoas não respondia aos antidepressivos fez com que a eletroconvulsoterapia fosse retomada como opção de tratamento.


EMPECILHOS À MODERNIZAÇÃO DO TRATAMENTO

Drauzio – O que falta para esses centros que ainda aplicam o eletrochoque à moda antiga deixarem de cometer essa violência?


Márcia M. Soares – Acho que informação não falta. A Associação Brasileira de Psiquiatria e os grandes centros universitários têm procurado difundir o que se preconiza como técnica ideal: o paciente deve passar por vários exames prévios, receber anestesia e relaxamento muscular e ser assistido por um anestesista e um psiquiatra. Parece, porém, que o problema é financeiro. O SUS, se não me engano, remunera R$30,00 por uma aplicação que custa R$300,00 ou R$400,00. É, portanto, uma questão de vontade política. Centros no interior de Goiás, por exemplo, não têm estrutura para aplicar o eletrochoque segundo as técnicas mais modernas. Como não existe alternativa de tratamento, pois a rede básica de saúde não fornece os remédios necessários, o eletrochoque acaba sendo usado nos moldes antigos, o que é condenável sob todos os aspectos.
A foto que ilustra o post é de um quadro de Van Gogue e foi copiada do Google imagens.

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Útil e necessário no verão

>> quinta-feira, 26 de novembro de 2009


Ok leitores e leitoras do Mil e uma coisas, eu não vou falar em praia, ou filtro solar ou coisas assim.

O assunto é bem sério, o combate à Dengue! Coisa muito importante no verão.

Então, o seu blog trás uma dica bem legal para você poder ter em casa as plantas que quizer, com vasinhos e prato, sem correr o risco de ter surpresas com o Aedes Aegypti.

Olha aí o Stop Dengue, da Dura Plus.




Esses discos de espuma, que estão disponíveis em várias cores e tamanhos, são a solução mais genial e prática que já conheci no com bate à dengue, pois você coloca no prato do vaso, irriga normalmente e ele impede que a água se acumule e vire criatório de larvas.





Se você tiver vasos grandes, esse espiral é bem legal para você cortar a proteção no tamanho que desejar.
O produto é encontrado em lojas e supermercados onde haja produtos para jardinagem. Eu com prei na Leroy Merlin.

Gente, eu não ganho nada em divulgar qualquer produto aqui no blog, faço isso apenas para facilitar a vida de blogueiras como eu, pois sempre que uso um produto e aprovo venho correndo até aqui indicar.

Espero que ajude você.






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Respondendo à Débora

>> quarta-feira, 25 de novembro de 2009


Débora minha amiga, aqui vai, vou responder ao seu desafio:


QUESTIONÁRIO


1) Que horas são? 09h38
2) Nome? Ozenilda ou Nilda, pode chamar como preferir
3) Quantidade de velas no seu último bolo de aniversário? 41 e sem traumas
4) Furos nas orelhas? 1 em cada uma.
5) Tatuagens? Não
6) Piercings? Nenhum. Não gosto!
7) Já foi à África? Não, mas gostaria de ir em alguma missão da Igreja.
8) Já ficou bêbado? Sim e foi mais do que motivo para saber que bebida alcoólica não vale a pena.
9) Já chorou por alguém? Já, muitas vezes.
10) Já esteve envolvido em algum acidente de carro? Sim, pois quem dirige nunca está imune a isso.
11) Peixe ou carne? Peixe, com certeza.
12) Música preferida? Caleidoscópio - Paralamas do Sucesso
13) Cerveja ou Champanhe? Nenhum.
14) Metade cheio ou metade vazio? metade cheio! Claro.
15) Lençóis de cama lisos ou estampados? Cada um tem sei estilo, uso os dois .
17) Programa de televisão? Esquadrão da Moda, estou viciada.
18) Filme preferido? Apollo 13, do desastre ao triunfo.
19) Está ouvindo alguma música agora? Não.
20) Flor(es)? Margaridas.
22) De que pessoa recebeu esse questionário? Da Débora Fourax
23) Qual o amigo mais distante que você tem? O Roberto, meu grande amigo e companheiro que está morando na Irlanda.
24) O melhor amigo? o Roberto, sem dúvida!
25) Hora de dormir? 23h
26) Quem acha que vai responder esse questionário mais rápido? Não sei...
27) Quantas vezes você deixa tocar o telefone antes de atender? Normalmente não atendo, olho quem é e depois retorno, louco né, mas sou assim!
28) Qual a figura do seu mouse-pad? Não uso mouse-pad..
29) CD preferido? Evita, a trilha sonora do filme com a Madona, de 1995.
30) Mulher bonita? Eu, claro.
31) Homem bonito? Tô apaixonada pelo Jensen Ackles, do Sobrenatural.
32) Pior sentimento do mundo? Inveja, com certeza!
33) Melhor sentimento do mundo? O amor.
34) O que uma pessoa não pode ter para estar com você/ter sua amizade/companhia? Inveja.
35) O primeiro pensamento que você tem ao acordar? Não quero me levantar!
36) Se pudesse ser outra pessoa, quem seria?
Ninguém!
38) O que é que você tem debaixo da cama? Nada
39) Nome da pessoa que talvez não responda ao questionário?Não sei!
40) Aquele que com certeza vai te responder? Blogueira sempre responde!
41) Quem gostaria que te respondesse? Todas as amigas blogueiras !
42) Uma frase: “Que o foguete não exploda e que eu não faça merda” o Alan Shepard, primeiro astronauta americano, essa é a Prece do Eleito.
E aí Débora, valeu?

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Dois meses de amizade, dois meses de alegria

>> domingo, 22 de novembro de 2009



Pois é pessoas, desde que o Branco chegou aqui pela primeira vez, miando atrás da pilha de tijolos, já faz quase dois meses. Como o tempo passa, não é mesmo?







Dá uma olhada como ele cresceu, basta comparar as fotos com essas e essas. Esse é o lugar preferido para ele ficar, só pra chamar minha atenção, claro.





Aqui, nós dois, tô feia demais, mas é porque já tô pronta pra dormir.

Dá ou não pra notar que nós dois estamos bem amigos. Esse bebê gatinho foi um presente de Deus. Ele me acorda todo dia, às 6h15 da matina, como um reloginho, afinal, a essa hora ele está com fome.





Branco brincando com uma bolinha de barbante que tia Leide deu a ele.

Essa festa foi na casa da minha mãe, quando eu estava operada. Ele ganhou o carinho de todo mundo.


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Saúde mental e preconceito

>> quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Não sei se deveria fazer o que estou fazendo, mas quando li esse texto na internete não tive como não publicá-lo. Ele é de uma pessoa que como eu sofre de Transtorno Bipolar do Humor - TAB.

Enquanto lia, foi como se minhas próprias mãos tivessem escrito cada palavra, pois tudo ali já aconteceu comigo, menos a parte da internação e do eletrochoque, pois graças a Deus, apesar da demora no diagnóstico correto, o meu tratamento surtiu efeito rápido e com a primeira medicação. Os sentimentos são os meus. O preconceito, como o demonstrado no comentário, esse faz parte da minha vida desde que tudo começou.


Vou deixar que essa amiga de infortúnio fale por nós duas e digo a ela, que se por acaso vir seu texto aqui, saiba que omiti e nome e o blog apenas por uma questão de respeito, mas se preferir que seja revelado é só deixar um comentário.


Eis o texto, é longo, mas vale a pena ler:

- O comentário de um leitor sobre meu post que trata sobre sobrevivência (sem nenhum cunho sociológico ou pretensões variadas), me fez pensar que seria necessário esclarecer alguns aspectos do tal transtorno. Reproduzo, a seguir, o trecho do comentário de 03.03.2007 que deu origem a este post.


"(...) Gosto da sua coragem de admitir seu transtorno bipolar, embora acredite que mais coragem é viver sem medicação, afinal se todo mundo vivesse chapado nunca teríamos Faulkner, Hemingway (tudo bem que eles bebiam bastante, mas existe uma certa nobreza na embriaguez, na medicação apenas um indivíduo abrindo mão da sua autonomia, mas esse papo fica para uma outra oportunidade) (...)."


[Respiro fundo.]


Vamos lá. O transtorno bipolar é uma doença que, como qualquer outra, precisa ser corretamente diagnosticada e tratada com medicamentos. É uma doença mental? É. O cérebro produz de forma atípica alguns neurotransmissores fundamentais para nossa saúde mental. O motivo? Ainda não se sabe com precisão. É genético? Os estudiosos entendem que sim. Pode incapacitar a pessoa de exercer suas atividades rotineiras? Sim. Quem sofre de TAB é retardado? Não.


Mas o pior de tudo é: não há cura para o TAB, apenas controle. Tal qual uma diabete, que precisa ser controlada com injeções de insulina.


Existe ainda um grande preconceito ou uma total ignorância sobre o que é o TAB e seus efeitos e sintomas, que podem ser devastadores. O paciente de TAB, se mal diagnosticado ou submetido a tratamentos incorretos, pode torrar todo o seu patrimônio em incríveis três semanas, trabalhar por 48 horas seguidas sem se cansar, emprestar as cuecas para o pior dos amigos ou, no outro extremo, ficar impossibilitado de trabalhar, parar de comer por dias e dias, não tomar banho por semanas, não falar com absolutamente ninguém, chorar até cansar e, falando um português bem claro, o paciente de TAB pode cometer suicídio.


Dito isso tudo aí em cima, posso dizer que eu sofro de um tipo de transtorno bipolar mais ou menos incomum: sou TAB com ciclagens ultra rápidas (ou seja, meu humor oscila muito mais vezes em um certo intervalo de tempo, se comparado ao humor dos bipolares “clássicos”). Isso quer dizer que o tratamento convencional, à base de lítio, não funcionou comigo. Tentei algumas combinações de medicamentos, fiquei internada dois meses em uma clínica psiquiátrica, fui submetida a várias sessões de ECT (eletroconvulsoterapia - eletrochoques, para ser mais clara), tudo para evitar o tratamento mais indicado para o meu tipo de TAB. Por quê? Apesar de eficaz, possui muitos efeitos colaterais.


O resultado disso tudo é que tenho que fazer hemogramas mensais, dormir pelo menos 9 horas por dia e controlar o apetite, já que engordei uns 20 quilos (ainda bem que eu era magérrima antes de iniciar o tratamento). Sem falar na grana que gasto todo mês com remédios (caríssimos) e sessões de terapia.


Então... o meu leitor sugere em seu comentário que: (a) dependo dos remédios, (b) falta-me coragem para viver sem eles, (c) eu vivo chapada por conta do tratamento. Sem falar da sugestão de que o mundo não teria mais Faulkners ou Hemingways se todos os talentos resolvessem viver “chapados” com medicamentos indicados para os mais variados tipos de transtornos da mente.


Pois esclareço, e perdoem-me os leitores pelo o que será um desabafo, que o comentário transcrito acima foi inadequado, típico das pessoas que desconhecem, infelizmente, o que é o TAB, a depressão crônica, a esquizofrenia, a síndrome do pânico, TOC – transtorno obsessivo compulsivo - ou que enxergam uma certa beleza na afirmação de que "viver é sofrer", de Arthur Schopenhauer.


Eu busquei coragem para admitir que tinha um problema mental e precisava de ajuda médica
. O segundo passo da via crucis em “busca da minha coragem” (isso poderia ser título de um filme melodramático, não?) foi não desistir de procurar um médico decente que me diagnosticasse de modo preciso e correto. Isto levou uns 4 anos, já que fui tratada por quatro (!) psiquiatras diferentes e todos erraram no diagnóstico. O terceiro passo foi aceitar a internação numa clínica psiquiátrica, monitorada 24 horas por uma acompanhante (eufemismo para enfermeira fiscal), sem falar nas sessões ECT no Hospital da Clínicas. O quarto passo foi encarar meu tratamento atual, mesmo com todos os efeitos colaterais. E continuo aqui. Matando um leão por dia, porque é FODA tomar clozapina, sentir-se cansada e gorda, fazer terapia, bancar tudo isso que custa tão caro, não ter a compreensão de vários amigos e familiares que acham que o transtorno bipolar inexiste, que o TAB não passa de mera frescura ou um capricho meu.


É FODA também sentir a solidão diária de quem precisa acordar forte todos os dias, porque uma crise pode me tirar o emprego. É FODA o desalento de perceber que só eu, e mais ninguém, realmente sabe o que é uma crise de depressão severa, quando a dor de um corte profundo não é nada comparada ao desespero de querer sair daquela crise, da desesperança e da vontade de pular do 10º andar.


Será isso tudo condição para escrever como Faulkners, Hemingways, sem falar de Virginia Woolf, Tolstoy, Graham Greene, Ana Cristina Cesar? Não, definitivamente não. Todos eles e gênios como Van Gogh e Mozart sofriam de TAB. Não é necessário sentir uma profunda angústia por estar vivo para escrever sobre as dores de viver. Não é absolutamente necessário viver escrava das minhas oscilações bruscas de humor ou da minha estranha produção de neurotransmissores, para ver beleza no que é incerto e querer, sempre, dias mais densos.


Prefiro escrever posts medíocres
e não publicar um conto genial ou um romance digno de nota.


Prefiro não perder minha identidade recém recuperada
, prefiro tomar mais aulas de otimismo.


Prefiro trabalhar no que eu gosto com a regularidade que o mercado exige.
Prefiro sim, ser parte do establishment
.


Prefiro, mil vezes, amar as pessoas sem chocá-las com idas ao pronto socorro, com palavras mordazes e injustas típicas da fase maníaca
.


Prefiro não morrer como Faulkner (morreu bêbado) ou Hemingway (cometeu suicídio)
.


Prefiro escrever tudo isso aqui, saudável, em casa
, na companhia de minhas duas golden retrievers. Prefiro ter capacidade de cuidar de minhas duas golden retrievers e de todas as pessoas que realmente são importantes para mim.


Para quem enxerga “nobreza na embriaguez” e “perda de autonomia” com a medicação, eu continuo minha via crucis, aquela da coragem, para dizer “você não sabe nada, meu caro”. E nem por isso eu sinto rancor de você e de tantas outras pessoas que, ao ouvirem de minha boca "sou bipolar e não vivo sem medicação”, franzem a testa. Escrever bem é uma arte. Controlar o que é aparentemente incontrolável é uma luta constante que, ao final, vale muito a pena. Posso dizer que entre mortos e feridos, cá estou
. -


Grifos meus, para salientar o que mais me emocionou no texto e me fez publicá-lo aqui.


Leia o que eu mesma escrevi sobre o assunto em:


1) Esse poema sou eu.

2) Assim é a vida.

3) Novela

4) Verdadeiro ou falso

5) Verdadeiro ou Falso

6) Mais do mesmo

7) Assunto sério - Depressão

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Minha bolsa restaurada

>> terça-feira, 17 de novembro de 2009


Hoje eu tenho um trabalho bem simples, mas que me deu muito prazer e muito alívio em fazer, pois salvei uma peça muito bonita que tenho.


É essa bolsa linda, feita com película cinematográfica e crochê com linha preta, pela designer carioca Rubia Calazans.

Eu comprei essa beleza em junho de 2008, numa lojinha muito chique de Santa Tereza, na minha viagem de férias, confira aqui.





Porém, como as alças dela também eram feitas de película, com o uso, foram se desgastando e ficando assim, feias.

Eu retirei as alças e fiz um belo par em crochê, com linha Anne preta, da Círculo.





Olha aí a bolsa com a alça colocada, linda né! E o bom é que vou poder usar minha bolsa preferida por muito tempo ainda.

Eis aí o milagre da reciclagem duplamente aplicado. O planeta agradece.



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Fried Chiken ou quase...

>> sábado, 14 de novembro de 2009

Oi meu povo, é isso aí, tô de volta e nova em folha.


Para registrar essa volta em grande estilo, outra daquelas receitinhas fáceis e práticas, que você pode experimentar para o almoço de amanhã: Fried chiken by Nilda


Essa aí da foto eu fiz para o meu almoço e estava delicioso!


Ingredientes:

1 kg de coxinha da asa limpa e temperada com sal e pimenta
maionese
farinha de rosca
farinha de arroz
farinha de trigo
flocos de milho
orégano

Modo de fazer:

Misture uma xícara de farinha de rosca, uma colher sopa de farinha de arroz, uma colher sopa de farinha de trigo e meia xícara de farinha de milho em flocos, coloque num saco plástico e coloque orégano a seu gosto.
Pegue as coxinhas já temperadas e passe na maionese, depois vá colocando no saco com a mistura de farinhas dando leves sacudidas para empanar.
Depois das coxinhas empanadas, coloque num tabuleiro e leve ao forno médio para assar. Quando elas estiverem coradas pode retirar do forno e servir ainda quente.
Esse frango pode ser frito em óleo quente.


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Aniversário da Amanda!

>> quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Hoje é aniversário dessa linda aí da foto, a Amanda. Isso mesmo, a família Amorim está em festa de novo.


A Amanda é filha de minha irmã Leide e está completando 18 anos. Ela é muito especial, está naquela fase de vestibular, PAS e ENEM, pensa.

Então para comemorar vai ter bolo de chocolate, parabéns e muita festa hoje na casa da vovó Maria.

Para você minha linda tudo de bom e vamos comemorar, pois você merece.

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Notícias

>> domingo, 1 de novembro de 2009

Oi meninas, tudo bem com todas? Eu estou super bem, a cirurgia foi perfeita e minha recuperação melhor ainda, volto a trabalhar daqui a quinze dias.


Para completar, Branco, o gato, está lindo, cada dia mais saudável e mais sapeca; ele já conquistou toda a família, todo mundo gosta dele e cuida dele direitinho.

Ele ama o Fernando, até fica lá sentado na porta do quarto dele, esperando ele levantar, é a coisa mais linda.

Pois é, estamos bem e logo voltaremos à blogosfera.

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