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>> terça-feira, 3 de março de 2009



Quem tem acompanhado o meu blog sabe que uma das finalidades dele é informar as pessoas sobre doenças psiquiátricas. Sou portadora de TBAH e já sofri muito com esse transtorno, assim procuro passar um pouco da minha experiência como conhecimento para ajudar a quem necessite a não passar pelo que passei.

Já abordei aqui o perfil do personagem de Bruno Gagliasso, o Tarso, na novela Caminho das Índias, da Rede Globo. Ele está desenvolvendo um quadro padrão de transtorno psiquiátrico.

No capítulo de ontem ele tenta conversar com a mãe a respeito de visitar uma psicóloga a fim de conseguir apoio para externar para a família seu verdadeiro eu: sua personalidade sensível, sua queda por artes, sua vontade de ser aerquiteto e não administrador, como o pai. Mas, como era esperado, a mãe não aceita, pois no imaginário dela o filho, de comportamento padrão, o comportamento que sempre a agradou, não pode ter um "defeito", não é um surtado e, portanto, não necessita procurar um psicólogo, muito menos um psiquiatra. Ela na verdade demonstra mais do que surpresa, demonstra preconceito e nega a possibilidade de que o filho não seja o modelo que ela sempre sonhou e projetou nele.

Para os bons observadores, a autora continua a tecer sua história já envolvendo outros elementos nela. O psiquiatra vivido do Stênio Garcia já viu o rapaz e detctou nele características de fragilidade psiquiátrica. Além de perceber, ele pede a Aída (Totia Meireles) informações sobre Tarso e o que ela acha do comportamento dele. Aída não tem uma opinião formada, mas numa conversa com Sílvia (Débora Bloch) sonda sobre o rapaz.

Nessa conversa muito é revelado sobre como as pessoas veem, mas não enchergam os sinais do comportamento psiquiátrico de quem está ao seu redor. Sílvia fala para Aída que Tarso é um filho que qualquer pessoa gostaria de ter: educado, obdiente, não confronta os pais e muito doce; alguém que não dá trabalho, simplesmente não expressa sua personalidade, apenas espelha aquilo que a família espera que ele seja.

Embora não pareça, um comportamento como esse, tão desejado pelos pais, pode esconder um potencial para o desenvolvimento de transtornos psiquiátricos. As pessoas precisam manter sua individualidade, expressar sua personalidade e expor as diferenças entre ele e os outros membros da família. Um pouco de rebeldia não quer dizer desajuste, mas sim a tentativa de ocupar seu lugar na sociedade. E é claro que isso acontece na convivência com os pais, pois a família é o primeiro núcleo onde alguém mostra quem realmente é.

Aqui cabe um clichê e vou fazer uso dele - os dedos da mão não são iguais - os filhos são indivíduos, cada um possui características próprias que devem ser conhecidas e exploradas em favor deles. Na novela, todos acham que a problemática é a irmã de Tarso, Inês (Maria Maya), pelo esteriótipo que ela apresenta. Todos, inclusive Sílvia, afirmam isso e não prestam atenção nos sinais que afloram nas atitudes mais sutis de cada um: Tarso e Inês.

Enquanto Tarso se esconde nos limites definidos pelos pais para ele por toda a vida e agora, sufocado e pressionado, não consegue sair desse quadrado imaginário, Inês, sempre extrapolou esses mesmos limites e mostrou quem é. Mas pelas peculiaridades dos pais, uma mãe desvairada e um pai autoritário, ela criou um personagem que os afronta, mas garante a ela individualidade a fim de manter sua sanidade. Mas da mesma forma como Tarso, ela sofre com o comportamento dos pais e com o tipo de família que eles criaram.

Assim é na vida, é necessário ver onde nada se mostra. É necessário fazer do convívio uma observação do outro. Essa é a única forma de conseguir que todos e cada um viva o melhor que a vida em família e entre amigos possa oferecer.

Pense nisso.

7 responderam:

jc 3 de março de 2009 às 10:52  

Olá queridíssima...
Estou de volta...
Adorei o post de hoje...bem interessante...
Acho que se os pais prestassem mais atenção em seus filhos e olhassem menos para o próprio umbigo...muuuuuuitos problemas poderiam ser evitados...
É o que penso...
Bjkas e obrigada pelas visitinhas...

Ypsilon Yvone 3 de março de 2009 às 12:05  

Muito bom seu post de hoje. Todos os problemas começam dentro de casa, e esse imaginário que certo pais constroem sobre os filhos é muito destrutivo para todos da familia.
Parabéns!

Margaretss 3 de março de 2009 às 13:58  

Menina, que post viu? alem de ser muito bem escrito é pra se pensar mesmo.
ja falei aqui antes que nao assisto novela, mas outro dia liguei e estava bem numa cena com ele na banheira e o pai arromba a porta pra entrar e da um sermao nele.
fiquei assistindo pois lembrei do teu post e achei um horror a atitude do pai.
parabens pelo post.
beijo grande

Manu Demonti... 3 de março de 2009 às 14:25  

OI FLOR! MUITO OBRIGADA PELO CARINHO...
ADOREI O SEU CANTINHO.
BEIJÃO

Hazel Evangelista 3 de março de 2009 às 18:55  

Muito interessante este post.
Não tinha conhecimento de teres este transtorno.
Vou acompanhar os posts e aprender sobre isso.

Beijos, uma semana feliz

Viviany 4 de março de 2009 às 08:03  

Ótimo post , aprender a observar é fundamental né ?!? Vamos ver no que isso vai dar ... Coitado , tão lindo , hehehe ... Obrigada pela força !!!
Bjuss*

Anônimo,  6 de março de 2009 às 21:24  

Oi Nilda!
Como vai?!
Gostaria de saber o que é TBAH.
Sou mineira de Belzonte mas morei em Brasília por 7 anos. Minha filha nasceu ai. Morava no Guará I e fiz ótimos amigos. Sofri um pouquinho é verdade com o jeito diferente das pessoas conviverem ai, principalmente porque falo mais que pobre na chuva e vamos combinar em Brasília até que a gente ache o grupo certo leva tempo. Agora moro em Itabira( marido é transferido de cidade)até ficar velhinha pretendo ter morado no país todo ou fora dele rsss.
Abraços,
Fátima

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